02 novembro 2010

Bullying homofóbico = suicídio

Blog de rparalela :Realidade Paralela, Psicólogo oferece palestra sobre homoafetividade e adoção no CRPPE ( Por André Cabral)Texto publicado na Veja on line: 04/10/2010 
obs: imagens selecianadas pelo blog 

Suicídios recentes ressaltam pressões sobre adolescentes gays
As mortes desencadearam uma apaixonada – e por vezes furiosa – resposta dos ativistas gay e chamou a atenção de autoridades federais

The New York Times

        Quando Seth Walsh estava na sexta série, virou-se para a mãe e disse: "mãe, eu sou gay". Wendy Walsh, cabeleireira e mãe solteira de quatro filhos, respondeu: “ok, meu querido, eu te amo, não importa o que você seja".
No mês passado, Seth entrou no quintal de sua casa, na cidade de Tehachapi, no deserto da Califórnia, e enforcou-se, aparentemente incapaz de suportar uma chuva incessante de insultos, agressões e outros abusos de seus pares. Depois de pouco mais de uma semana na UTI, ele morreu na terça-feira passada. Tinha 13 anos.
        O caso de Tyler Clementi, o calouro da Universidade Rutgers, que pulou da ponte George Washington, em Nova York, depois que seu encontro sexual com outro homem foi transmitido on-line, chocou a muitos. Mas sua morte, assim como a de Seth Walsh, são apenas alguns exemplos dos vários suicídios de jovens adolescentes gays que foram hostilizados por colegas, em pessoa ou on-line, nas últimas semanas.
A lista inclui Billy Lucas, 15 anos, de Greensburg, Indiana, que se enforcou dia 9 de setembro depois de colegas o terem provocado na escola. Menos de duas semanas depois, Asher Brown, 13 anos, dos subúrbios de Houston, atirou em si mesmo. Ele também relatou que foi insultado em sua escola, de acordo com o jornal Houston Chronicle. Sua família culpou os funcionários da escola que não agiram depois de receber a reclamação, algo que a escola nega.
Reação - As mortes desencadearam uma apaixonada – e por vezes furiosa – resposta dos ativistas gay e chamou a atenção de autoridades federais, entre eles Arne Duncan, o secretário da Educação, que na sexta-feira chamou os suicídios de "tragédias desnecessárias" causadas pelo "trauma de ser intimidado".
"Este é um momento em que cada um de nós – pais, professores, estudantes, autoridades eleitas e todos as pessoas conscientes – tem de se levantar e falar contra a intolerância em todas as suas formas", disse Duncan.
        Enquanto o suicídio de adolescentes gays se torna uma preocupante tendência, os especialistas dizem que o estresse pode ser ainda pior em zonas rurais, onde a falta de serviços de apoio aos gays – e mesmo aos que já assumiram – pode levar a uma sensação de isolamento que pode ser insuportável.
"Se você está numa pequena comunidade, a pressão é muito forte", disse Eliza Byard, diretora-executiva da Gay, Lesbian, Straight Education Network, sediada em Nova York. "E sabe-se lá como as pessoas enviam recados sobre 'como é errado ser gay'."
De acordo com uma pesquisa recente conduzida pelo grupo de Byard, quase 9 entre 10 gays, lésbicas, transexuais ou bissexuais entre estudantes do ensino médio sofreram violência física ou verbal em 2009 - que vão de insultos a espancamentos.
Repercussões - No caso de Clementi, procuradores em Nova Jersey acusaram dois calouros colegas de Rutgers por invasão de privacidade e olham para a morte como um possível crime de ódio. Promotores em Cypress, no Texas, onde Asher Brown morreu, disseram na sexta-feira que iriam investigar o que levou ao suicídio.
        Em um par de posts na semana passada, Dan Savage, colunista de sexo que vive em Seatlle, atribuiu a culpa a professores e administradores escolares negligentes, colegas de sala que praticam bullying e "grupos de ódio que mexem com algumas mentes e atormentam outras".
Em uma entrevista, Savage, que é gay, disse que estava particularmente irritado com líderes religiosos que utilizaram "retórica antigay"sobre questões como o casamento homossexual e gays nas forças armadas.
"O problema é que as crianças estão sendo expostas a essa retórica e depois vão para a escola onde há um garoto gay", disse ele. "Como eles irão tratar o garoto gay se foi dito que ele está tentando destruir sua família? Irão abusar dele."
         No final de setembro, e na sequência de vários suicídios, Savage começou um projeto no YouTube chamado "vai melhorar", com gays adultos falando sobre suas experiências com o assédio quando adolescentes. Em um vídeo, um gay chamado Cyrus conta sobre vida de adolescente enristado em uma pequena cidade no interior de Nova York.
"A principal razão para levar adiante esses vídeos é o quanto minha vida está diferente, como ela é grande e como sou feliz em geral", disse ele. "Houve momentos na escola, apesar de ter bastante sorte com o bullying e não ter muitos problemas, em que me sentia sozinho e muito diferente."
Glenda Testone, diretora-executiva do Centro Comunitário de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais, em Nova York, disse que os programas do centro atendem 50 jovens por dia, que muitas vezes sofrem de "intimidação, assédio e até mesmo violência".
         "Os três principais grupos responsáveis são a família, os amigos e os colegas de escola", disse ela. "E se eles estão se sentindo isolados e não têm como dizer isso a essas pessoas, vai ser um caminho muito difícil." Em Fresno, no conservador Central Valley da Califórnia, grupos como Equality California tem sido muito ativos na tentativa de criar sucursais, sobretudo depois da derrota eleitoral de 2008, quando os eleitores do estado aprovaram a Proposição 8, que proibiu o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Bullying - Em Tehachapi, mais de 500 pessoas participaram do velório de Seth Walsh. Uma delas, Elaine Jamie Phillips, um colega de classe e amigo, disse que sabia há muito tempo que ele era gay e que Seth foi provocado por vários anos. "Mas este ano ficou muito pior", disse Jamie. "As pessoas diziam: 'você deveria se matar', 'você deveria ir embora', você é gay, quem se preocupa com você?'"
        Richard Swanson, superintendente do distrito escolar local, disse que sua equipe realizou assembleias trimestrais sobre comportamento, ensinou tolerância em sala de aula e que "pune atitudes associadas ao bullying". Mas essas coisas, disse, não impediram a tragédia de Seth. "Talvez não fossem capazes", disse, em um e-mail. De sua parte, Walsh disse que se preocupava por Seth ter sido o alvo, mas não queria culpar ninguém, embora espere que sua morte possa ensinar as pessoas a "não discriminar e a não ter preconceitos". "Realmente espero que as pessoas entendam isso", disse ela. 
  
Opinião
         Acho muito engraçado, por que quando era criança fui “catequizado” se assim pode-se dizer, e lembro-me muito bem que Deus não excluía ninguém, amava a todos. Então por que a igreja católica (em espacial) nos odeia?? Já que ela se diz representante de Deus na terra??
        Mas embora a igreja exerça grande influência, além do seu poder de dominação e manipulação, o que me preocupa mais é saber como serão lidado todas as questões envolvendo o universo GLBT pelo estado, agora com o novo governo, que pela primeira vez tem uma mulher como presidente. Por que esse caso mencionado pela Veja é um exemplo norte-americano, porém não sejamos ingênuos em pensar que isso não existe por aqui, muito pelo contrário existe sim, pois infelizmente em alguns lugares (inclusive no qual estou vivendo) estamos rodeados por uma sociedade preconceituosa o muito conservadora, que vê o diferente como anormal, mas ai me pergunto existem pessoas iguais?
        Espero que o governo Dilma coloque o mundo GLBT em patamar de igualdade com todos os demais cidadãos brasileiros, afinal antes de qualquer opção sexual somos todos brasileiros, porém vivendo com uma constituição excludente e com governantes que não nos veem, ou melhor, reformulando NÃO QUEREM NOS VER... por que eu com meus 22 anos pretendo viver em um mundo melhor, e espero que esse mundo seja este aqui, o qual vivo hoje.    :)



2 comentários:

  1. Muito boa tua reflexão. Realmente espero que a nova presidente tenha uma postura favorável ao GLBT, pois o número de suicídio por conta do Bullying e preconceito é muito grande no Brasil, a mídia não mostra, pois não da audiência.

    D

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  2. Nossa esse texto é tão inquietante, mas é uma reflexão indispensável e urgente, esses dados são na maioria internacionais, mas e os suicídios daqui? E os que nós nem chegamos a saber os motivos? É tão triste ver uma vida se acabar prematuramente, e diante dessas circunstancias! Eu já não sou nenhum adolescente mas passei muito por isso. O fato de eu estar vivo hoje é um milagre, por várias vezes eu me olhava no espelho e dizia que de hoje não passa, e eu vagava pelas ruas sem rumo... Mas superei,ainda não posso dizer que hoje sou feliz mas não penso mais em suicídio e tenho sonhos pro meu futuro, gosto de pensar que o amanhã vai ser melhor e eu vou conseguir ser uma pessoa melhor...

    =D

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