Mídia e comunidade LGBT: um caso que pode dar certo

Dieison Marconi

Olá pessoal, depois de praticamente um mês sem escrever a coluna, estou de volta. Mas hoje, ao contrário de trazer um texto autoral, fiz uma compilação de materiais midiáticos que tratam da transexualidade e da homossexualidade  abordadas em diferentes produções, que dependendo da abordagem e do veículo, pode ter um caro custo para toda a comunidade LGBT.  Mas não quis trazer nenhum mau exemplo de jornalismo, publicidade ou mesmo uma produção cinematográfica que denigra ou estigmatize a imagem de LGBTs enquanto sujeitos sociais, não há motivo para contribuir com a divulgação desses tipos de materiais. Preferi trazer algumas produções que abordam estes temas de forma séria, criativa, trabalhando suas particularidades e fortalecendo o discurso de entendimento e respeito para com mesmos. São duas reportagens, um curta metragem, um vídeo publicitário, um outdoor e um cartaz de campanha comercial. 

Primeiro segue um matéria da TV Folha que lança Andréia como personagem representante de inúmeros outros transexuais.  Hoje, ela é uma mulher de 68 anos, uma mulher do futuro, como a mesma diz.  Apesar de ser um depoimento bem curto, o mesmo teve uma abordagem  séria, sensível e respeitosa.

  Abaixo, trago o curta metragem “Entre lugares: a invisibilidade dos homens trans”.  Sendo um curta com cerca de 20 minutos, este vai exigir mais tempo de sua disponibilidade e atenção, mas se não puder assistir agora, volte em outro momento neste post e veja. Vale muito a apena! O curta foi exibido inicialmente no Programa Curta Pernambuco e  aborda de maneira sensível o reconhecimento de trans homens como gênero oposto, sua orientação sexual, suas relações amorosas, a precariedade de profissionais da saúde no acompanhamento de transexuais, o preconceito e o real  entendimento da complexidade do ser transexual, da disforia de gênero.

Deixo aqui também uma excelente reportagem da TV Brasil sobre famílias gays, que no Programa Caminhos da reportagem mostrou que o bom jornalismo ainda existe.  Necessitamos de produções assim, que façam frente a discursos de ódio e homofobia, seja o discurso homofóbico do  seu vizinho ou da bancada evangélica. Ressalto que essa produção é bem longa, por isso, novamente, se não tiver tempo de ver agora, arranje um tempinho pra ver em outro momento. Fiquei muito feliz de ver um material jornalístico com uma  boa dose de inteligência, ética e qualidade, principalmente abordando toda a comunidade LGBT, do norte ao sul do país. Se conhecer algum trabalho semelhante, deixe o link nos comentários! 

Agora é a vez da publicidade. Pra começar, quem  ainda não viu o comercial da Renoult que traz um casamento gay para lançar seu mais novo carro?  Apesar do fim puramente mercadológico, obviamente, a   campanha é realmente um bom exemplo de reconhecimento do publico LGBT como possíveis clientes. E isso, de uma forma de outra, dá acesso a validação de discurso de que nós gays existimos e não devemos ficar restritos a guetos. Pena, por exemplo, que nossa presidente não pensa da mesma forma, já que vetou o "comercial" de alerta para contaminação pelo vírus do HIV  entre homossexuais durante o carnaval.  Se homossexuais são o maior grupo de risco, porque não exibir? Se estamos a tanto tempo vendo comerciais voltado para heterossexuais, porque não podemos ter um comercial que nos tire da invisibilidade enquanto grupo social? Ok, eu entendo, Dilma não quer promover nenhuma "opção sexual", como a mesma já disse. 

Em Santa Catarina, a Unimed Blumenau também já saiu do armário com um lindo outdoor que dá visibilidade para a existência de famílias homossexuais, pois de um jeito ou de outro, todo mundo precisa de um plano familiar.

Agora deem só uma olhada nesta campanha que inicialmente, esteve presente na Alemanha e agora tomam as ruas polonesas e ucranianas. Leia aqui o motivo da publicação desse cartaz: http://paroutudo.com/2012/06/13/cartaz-com-beijo-de-jogadores-causa-polemica-na-uefa/