Dieison Marconi
Todos sabem que as reivindicações da
comunidade LGBT, apesar das constantes apunhaladas que sofrem de grupos
contrários, nós gays, lésbicas, bissexuais, transformistas e transexuais temos
um discurso que aos poucos, em doses homeopáticas, vem se legitimando.
Mesmo assim, ao passo que a nossa minoria sexual torna-se visível frente
a mídia, sociedade e poder público, alguns de nós permanecem inexistentes, na
invisibilidade social. São aqueles que não têm seu discurso assegurado,
que não tem sua imagem atrelada a esta incessante luta por um vida mais
digna e sem repressões, que parecem não existir dentro de um movimento que já
tem mérito e muitas conquistas. E pior, essa invisibilidade de alguns dentro do
movimento LGBT parece comungar com um preconceito de massa: falo aqui da
invisibilidade dos idosos, da invisibilidade dos idosos homossexuais.
Idosos em geral ainda são um
tanto quanto inexistentes aos olhos da esfera pública, ainda parecem perder a
importância por lhe lançarem o rótulo de “improdutividade” e “despesa” ao poder
público. São esquecidos em prol da ultravalorização da beleza e do mito da
juventude eterna. Tudo isso acontece ao passo em que estatísticas demonstram
que nossa população está vivendo mais, que a longevidade tem sido um exemplo de
bom índice de desenvolvimento humano no país se comparado há décadas atrás.
Outro item que parece quase intocável quando o assunto é a população idosa é a
sua sexualidade: é como se esta fosse anulada por um preconceito que diz
respeito a vida sexual na velhice. É tão difícil imaginar a vovó transando com
o vovô? Pode ser, e para muitos, realmente é. Mas eles não são crianças, meu
bem. Ainda assim, a atenção que idosos heterossexuais recebem quando comparada
com a atenção que idosos homossexuais recebem, temos uma dimensão aterrorizante
da falta de visibilidade que os nossos "LGBTs velhos" possuem, pois
se as concepções heterormativas, homofóbicas e patriarcais já maculam nossa
sexualidade “desviante” enquanto jovens, o que dizer de uma sexualidade
desviante na velhice?! Murilo Mota Peixoto, que tem alguns
estudos na área, diz que enquanto é “aceitável” remeter a sexualidade de idosos
heterossexuais ao carinho, proteção e companheirismo, a sexualidade dos idosos
homossexuais está atrelada a estereótipos vulgares, sujos e grotescos.
Além disso, me parece que enquanto idosos heterossexuais vislumbram e possuem
um presente rodeado por esposa ou marido, filhos e netos, idosos homossexuais
por não se inserirem neste modelo, são apenas aqueles e aquelas sobreviventes
acusados de peste gay lá no século passado.
E onde fica a inserção social desta
minoria? Quais são as estatísticas que temos dessa população? Onde eles
estão? Quando passarão a existir do ponto de vista histórico, cultural e
social? Quando haverá mais estudos que contemplem gênero e geração? Quando
haverá políticas públicas voltadas para este segmento? Ah sim, eu havia
esquecido: nosso governo federal, em meados de Fevereiro vetou um vídeo de uma
campanha pela prevenção de doenças sexualmente transmissíveis entre
homossexuais JOVENS porque neste havia dois MENINOS que se acariciavam. A
campanha se dava pelo fato de que as maiores vitimas de contaminação por DSTs
ainda são homossexuais. No entanto, em tal contexto de visibilidade de homossexuais
IDOSOS, como vamos esperar algo do gênero voltado para mesmos?
Onde está a comunidade LGBT para torná-los visíveis? Eu sei que é difícil
levantar causas de quem está completamente escondido e até se esconde por
contra própria, no entanto, temos de cimentar discussões de como dar
visibilidade ao idoso homossexual, de como tirá-los do anonimato, de que forma
tirá-los do gueto.
Quem sabe, estudos como
estes abaixo, podem ser o inicio. Para quem se interessar, é só clicar
aí: